terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mundo Velho e Decadente Mundo

Tem dias que a gente se sente mais fora da curva, pausa para uma reflexão "eu no mundo e o mundo em mim". As minhas incompatibilidades últimas tem sido fortemente relacionadas ao universo dos filhos - mas não somente a este...infelizmente...rs.

Por exemplo.

Me assombra o número de pessoas que faz o comentário, depois que eu digo que espero um menino:
- Ah, que legal! Agora vocês vão parar, né?, já tem um casalzinho...

Eu fico na dúvida do que eu digo. Se digo que, realmente, no momento nosso plano é ter dois filhos. Ou se digo (o que eu tenho mais feito, ultimamente, não só por ser verdade como pela eterna satisfação de ver a perplexidade em olhares alheios), numa postura blasé, que acho que não dá sorte isso de ter um filho já pensando no próximo ou na ausência dele, que eu gosto de pensar em um filho de cada vez, e que daqui pra frente a gente vê o que será e como será. Ou se eu cedo ao meu coração, que tem uma vontade súbita de ser bem honesto e bem direto, num estilo "voadora", e dar uma palestra sobre planejamento familiar. Não vou parar porque tenho "um de cada", nem vou ter outro porque "agora virou a oração de São Bento, um pra fora e um pra dentro!". Eu e meu marido vamos continuar fazendo o que estamos fazendo deste 1999 - planejar o que queremos pra nossa vida, em todos os aspectos, e batalhar pra conquistar.

O outro comentário que me assola: "Que legal, um menininho! Menino dá bem menos despesa, e é mais fácil pra criar".

Bem se vê que essa gente de fato não me conhece, nem ao meu marido. Ao passo que o último batom que eu comprei foi em 2011, só pra não ficar (muito) chato com uma colega de trabalho que me ofereceu Natura, meu marido é o responsável por me avisar que preciso de roupas novas, porque essas não dão mais. Estereótipos - são estereótipos. Às vezes, a realidade não se baseia neles, e consegue ser simplesmente a realidade. É um fenômeno incrível.
E... meninos são mais fáceis de educar? Em se tratando de seres humanos, estamos perdidos. Seres humanos são insuportavelmente difíceis de educar (tá aí o mundo, que não me deixa mentir). Fico pensando em como é, nesse universo enlouquecedoramente machista, educar um menino. Para que ele respeite não só às mulheres mas também à sua essência humana, independente do que os amigos ou a sociedade espera dele. Não me parece muito simples, mas tô aí, empenhada em descobrir como se faz isso.

Há que se ter paciência.

Não. Há que se ter indignação.

E educar as crianças pra não reproduzir essas falácias.

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