quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Sempre presente

Clara e Lucas ganharam presentes de Dia das Crianças de gente muito querida, e eu fiquei exultante ao vê-los exultantes. Adoraram. Ana Clara se mostrou a médica, motorista de carruagem, dona de Polly Motoqueira e fotógrafa da Elsa (câmera do Frozen...rs) mais feliz que eu poderia imaginar. E o Lucas se diverte com carrinhos, boizinhos, bola que toca musiquinha.

Amei que meus filhos sejam queridos e tenham ganhado presentes lindos, mas eu me sinto meio desafiada de ensinar a eles uma coisa em que acredito - que é preciso presença, especialmente a dos pais. Então o dia foi todo pensado pra eles - mais pra Ana, confesso, que é a criança que já se liga mais em datas comemorativas, mas também pro Lucas -, e envolveu comidas que eles gostem, brincadeiras, bagunças, fazer brinquedos, fazer uma guloseima gostosa... essas coisas.

No fim do dia, chamei a Clara para o meu colo.

- Como foi seu Dia das Crianças?
- Legal! - não aquele "legal" que a gente fala no automático, aquele "legal" cantado que só as crianças sabem dizer e enchem o coração da gente de alegria.
- Que bacana, filha! E o que você mais gostou?
- De fazer bolinho!

Fizemos "cupcakes" - mas eu ensino a Ana que cupcakes são bolinhos, aqui no lado de baixo do Equador. De cacau. Ela ajudou a fazer e a comer...rs.

- Eu também gostei muito de fazer os bolinhos! E os presentes que os tios e padrinhos te deram?
- Eu gostei muito! E do seu...
- Ah, o ursinho que nós fizemos junto?
- Não... a luva de princesa.

Vi no youtube um tutorial de crianças fazendo luvas. Consiste em pegar uma meia, cortar do jeito certo a pontinha do pé e você tem uma luva daquelas que prende entre os dedos, sabe? E ainda dá pra criança mexer a mão com bastante liberdade. Fomos almoçar na Dedé e eu perguntei se ela não tinha um par de meias finas, brancas, para testarmos. E ela tinha. E no fim do dia, Aninha estava me agradecendo pelo "presente" que consistia numa meia limpa, mas usada, que levei mais ou menos um minuto pra cortar e colocar nos braços dela.

Nessa minha onda de vencer o espírito de manada, como eu chamo, resolvi valorizar com minha filha as coisas importantes.

Não é importante que ela tenha o vestido LICENCIADO da princesa. Ou a luva IGUAL a da princesa. Ou que os presentes tenham ETIQUETAS. O importante são as pessoas. As relações. Sentir-se bem. Respeitar-se e aos outros. Respeitar a nossa morada, no sentido mais local e no mais universal. E meias são luvas. E tecidos são vestidos completos. E a boneca que vai no dia do brinquedo da escola é a mais picareta que pode haver, mas que importa, se a Ana gosta. O mundo consumista nos aperta, tem horas. O mundo que esquece o que vale a pena. Mas a gente vai se virando, se desvirando, e nunca esquece!...


Nenhum comentário:

Postar um comentário