quarta-feira, 23 de março de 2016

Pois é.

Fui num médico dermatologista para ver uma questão específica. Quando ele foi receitar o medicamento, eu pedi:

- Por favor, não sei o que você pretende prescrever, mas eu estou amamentando um bebê. Então, temos este porém...rs.

- Ah, pode deixar, prescrevo alguma coisa que não interfira.

- Ah, legal.

- Seu bebê está em amamentação exclusiva?

- Ah, não mais. Já come outras coisas.

- Quanto tempo ele tem?

Comecei a ficar incomodada.

- Um ano e três meses.

- Ah, então ele já está parando de mamar.

- Na...verdade...não.

- Mas você já vai tirar?

- Hum... não, também. Não estamos com pressa.

- Mas você não acha que ele pode ficar, sei lá, mimado?

Absurdada:

- Não... Eu interpreto comida e carinho como necessidades básicas, mesmo. Não como mimo...rs (sorriso amarelo, nessa parte).

- Mas você não tem nem um pouco de medo?

- Eu não. O senhor tem?

- Não... Veja bem, é o seu filho.

- Pois é.


A consulta acabou assim. Ele ficou sem graça. Eu fiquei sem graça, um pouco, por deixá-lo sem graça, mas achei muito bem feito.

É meu filho.

Vou amamentá-lo enquanto funcionar para nós dois.

Não tenho medo de que ele fique mimado por isso. Tenho outros milhões de medos.

Que ele cresça num mundo intolerante. Que ele cresça num mundo sem água. Que a ignorância vença o ponderar e o refletir. Esses medos. Amamentar não é medo. De tudo, em tudo, amamentar é coragem.

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