quarta-feira, 2 de maio de 2018

Cada um num quarto

Entro no quarto, rezo, dou um beijo, outro.

- Me cobre, mamãe?
- Claro. Quer que acenda o abajur?
- Não... deixa a porta aberta? Muito aberta?
- Deixo, meu amor.

Vou até o outro. Rezo, um beijo, mais um.

- Posso dormir sem cobrir? Tá muito calor...
- Se de noite esfriar, cobre, hein?
- Tá. Quando você sair, acende o abajur e fecha minha porta, por favor?
- Claro, meu amor.


Ainda assim, o que me salta aos olhos são as similaridades.
Pacote completo.

terça-feira, 10 de abril de 2018

O caso do ataque jurássico

- Olha, um pernilongo me mordeu.
- Nossa, filho (não tinha nada, NADA, no braço). É mesmo?
- É. E aqui.
- Poxa.
- E aqui.
- Aí também?
- Sim. Mas aqui... (pausa dramática. Suspense no auge). Aqui, foi um dinossauro!

- MEU DEUS!

- É. Foi. Um dinossauro. Beeeem grandão.
- E ele te mordeu?
- É. E, depois, ele COMEU EU!
- Ele te comeu?

Ana Clara vira o rosto, incrédula.

- Um dinossauro te comeu, Lucas?
- Foi.
- E depois?
- Depois, eu fiquei na barriga dele.

Todos em silêncio, observando perplexos.

- Mas e aí? Como você saiu de lá?

Pensando. Dava pra ouvir as engrenagens.

- Eu sai no cocô dele!
- Ecaaaa! (Ana Clara não sabia se ria, se dizia que dinossauros estão extintos ou se seguia no jogo. Optou pela última opção). E o que ele tinha comido antes?

- Hmmm.... alface... banana... e...
- E Lucas?
- E eu! Isso! E Lucas!


Isto posto, trata-se de um dinossauro onívoro, obviamente.
Quando perguntamos se na barriga do dinossauro estava muito escuro, ele não conseguiu responder porque já estava rindo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Terra de Surpresas

Ter filhos, em resumo, é não ter sossego e ter surpresas. E com os meus supermetódicos, a surpresa envolve uma mãe perplexa diante das demandas.

Como sua filha querer ir para o ballet, chovendo cântaros, e reclamar que o uniforme está incompleto. "Mas e a redinha? E a faixa? Mãe, minha saia tá meio curta. Sabe o que é, quero ir de uniforme!".

Como seu filho imitar a tosse da mais velha só pra negociar uma atenção, um carinho.

Como vê-los reclamar porque não arrumei a cama ou deixei o tênis no banheiro.

E assistir enquanto limpam e guardam coisas.

O ballet tá muito fácil, ou não tá, a escola tem pouca atividade, muita atividade, os supercríticos não aceitam qualquer coisa.

E aí você desmancha, porque te dizem que você é a melhor mãe do mundo. Eu sei que não sou, mas deixa eles - o amor ainda está batendo as críticas. ☺️