domingo, 20 de março de 2016

Sobre horas-extras

Passei o final de semana pensando no meu avô.

Convivi 6 rápidos anos com meu avô, sendo que destes me lembro de dois ou três. E, ainda assim, sinto que aprendi muito com ele.

Aprendi que se você colocar crianças num carro, você as entretém por minutos que parecem horas. Você pode fingir que está num táxi em que eles são os motoristas, ou que vocês estão numa viagem longa ou só sentar lá e esperar os brrrrs e as buzinas.

Aprendi a bater na porta e perguntar "ô, de casa! Tem gente?".

Aprendi  que ler livros longos requer paciência. Ele leu um que comprei e achei um saco.

Aprendi que tudo bem chorar no quarto.

Aprendi carinho, numa lição que durou seis anos. Acabou sem terminar...

E hoje me peguei pensando... O que estou deixando? Nesse tempo todo aqui... Ensinando? Motivando? Do que alguém sentiria falta?

Me senti fazendo hora-extra. Feliz de fazer hora-extra. Mas desnecessária. Me senti vazia. Me senti "apenas". Sabe? Muito pouco. Me senti tantas coisas...

E aí o Lucas chorou porque eu saí de casa e eu pensei, "ele não precisa muito de mim, mais, mas ainda não sabe". E, como estava indo na igreja, aproveitei para pedir a Deus...que enquanto tiver horas-extras, que me mande, por favor. Eu aceito todas. Agradeço. E vou usando pra ver se amanhã vou dormir com outro sentimento no peito...

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